Há mais de uma década que Silvana traz a Setúbal as adoradas feijoada à brasileira, picanha e maminha. Esta trindade e a amizade que os clientes têm pela dona do restaurante são a receita perfeita para uma casa cheia.
Na rua Vasco da Gama, paralela à Avenida Luísa Todi, Silvana Silva, 52 anos, natural de Goiânia, prepara comida tradicional brasileira para os sadinos e para quem vier. Silvana está no ramo da restauração há 17 anos e o Silvana Bifes Grill existe há já uma década.
O sonho de construir um cantinho brasileiro em Setúbal começa a nascer nas festas em casa de Silvana e de amigos, onde os seus cozinhados eram a estrela dos encontros. O plano, quando veio para Portugal, era manter-se no meio da restauração, mas não criar um espaço próprio.
O empurrão dos amigos e a saudade dos sabores genuínos do Brasil foram decisivos para avançar. “A nossa comida brasileira, na altura, não se encontrava aqui e eu ouvia muito isso. Então, decidi colocar aqui comida do jeito que o povo procura e espera. Tinha clientes antes de ter sítio”, recorda sorrindo.
Neste mar de carne, em terra conhecida por peixe, destacam-se a feijoada à brasileira, a maminha – prato de eleição de Silvana – e sobretudo a picanha. Há quem chegue e não precise de ementa, “pedem logo a picanha”, conta.
“Quando eu cheguei aqui há 20 anos a vossa comida não tinha nada a ver com a nossa”, ri-se e continua “então foi difícil começar a cozinhar aqui, mas encontrei uma senhora muito boa no primeiro restaurante em que trabalhei que me ensinou a fazer as caldeiras e tudo isso”.
O ambiente descontraído da casa e o aroma a grelhados atraem novas caras. Os clientes habituais sentem-se na segunda casa e têm sido, e são, uma grande ajuda para manter tudo a funcionar. “Tenho hoje clientes que me acompanham desde o primeiro dia. Já estão grandes os filhos que eu conheci na barriga das mães”, conta.
Ainda assim, o contexto pandêmico não deixou ninguém indiferente. O impacto social e económico da covid-19 passa todos os dias à porta do restaurante de Silvana. “Eu gostava de ter um restaurante maior e um espaço adequado para fazer parte da comida para quem não tem. Ultimamente vem muita gente à procura de comida aqui à porta e eu acabo dando tudo, mas às vezes o que sobra não chega. Chega pouco”, lamenta.